Wednesday, February 28, 2007

Esperança


Se num mundo do avesso, neste espaço em que deambulamos ainda existem pequenas chamas de esperança, pavios que insistem em continuar a arder então não permitirei que a vela que alumia o meu caminho se apague, não fecharei os olhos, não caminharei no escuro.
Se isso, a que chamam esperança, pode tornar os meus passos mais confiantes, mais seguros, mais tranquilos então será este o meu tesouro, a minha pedra filosofal...
Não é fácil sonhar e ter que acordar, perceber que a minha realidade continua igual, não é fácil querer e não poder, não é fácil viver...
No entanto este tesouro, imaterial mas de inigualável valor, enche-me o espírito de confiança, revela-me que o amanhã pode chegar, que o meu próximo acordar pode ser diferente...
Esperança serás a assinatura das páginas da minha história, serás a minha sombra, serás o meu eco e o meu ar...
Sinto-me levitar... sei que até o impossível se pode aproximar do possível, que os caminhos se invertem, que a esperança existe...
Sinto-me feliz por este meu sonhar, por esta força que me anima... Sei que parte de mim continuará carregada de sombra mas não me é possível controlar o destino... Mas com este tesouro que redescobri, sombra e claridade, medo e confiança, angústia e felicidade passarão a ser envoltas pelo reluzir deste meu tesouro, desta luz no fundo do túnel, deste perfume que envolve os meus sentidos...
Obrigado

Monday, February 26, 2007

Angel


Contradições


Como é possível sermos donos de sentimentos tão contraditórios?
Sentir uma nova esperança, uma janela que se abre e da qual posso vislumbrar uma possibilidade, um prosseguir consciente de tantas contrariedades... Um acreditar que, afinal, todos temos um destino, um papel a desempenhar neste ciclo vicioso que é o sentir...
Sentir que estou envolto num nevoeiro de angústia, num manto que absorve as minhas horas.
Um saber que num instante tudo pode acontecer, que a estabilidade é corrompida, que a tristeza me consome por ser obrigado a assistir a um espectáculo real, por ter de observar sofrimentos, angústias, por saber que sou personagem neste palco, nesta peça.
Esperança e angústia, os pesos da balança em que me encontro....
À esperança confio o meu destino, apesar de me concentrar no presente, recusando miragens de um futuro que pode não acontecer, de um tempo que poderei não conhecer...
À angústia dedico o meu pesar, o meu lamento por nada me ser permitido fazer para o contornar... Confiarei a minha essência, aprenderei um outro olhar.
Contradições, se pensar bem, estão sempre presentes. Envolvem-me há muito e, de certo, permanecerão presentes no meu caminho...
Serão estas as causas do meu equilíbrio? Serão elas o sustento do ying yang tão procurado?
Quem me dera ter respostas para tudo...

Saturday, February 24, 2007

Vulto


Palavras para quê quando uma imagem pode suportar tanto...

Grito


Grito de voz rouca, esse através do qual me exprimo. Frases sonoras que escorrem da minha mente e que tantas vezes resultam em silêncio... Ecos de tempo, qual ampulheta quebrada pela intensidade de tais palavras.
Grito por mim, por ti e por tudo que nos envolve.
Chamo por significados vazios que teimam em seguir ao sabor do vento, que não ganham forma, que não encontram expressão...
Grito pela vida, grito por tudo o que está errado, por tudo o que não deveria ser assim...
E desespero... Perco a voz, perco o sentido por tanto gritar e não me fazer ouvir.
Um grito, um silêncio... Serão assim tão ambíguas e contraditórias designações?
Não creio, se nada mais são do que formas de expressar a minha alegria e a minha revolta, se se tratam apenas de fins e não de finalidades...
Grito e gritarei... não serei cúmplice de resignações, não compactuarei com injustiças, não abafarei consequências nem permitirei o esquecimento de causas...
Que o eco do meu grito se faça ouvir, que o conteúdo das minhas palavras possa chegar ao âmago do pensamento, da consciência, da vontade...
Que este grito vazio de som me faça orgulhar da dádiva do ser compreendido.

The Rasmus - In The Shadows

HIM - Join me in Death

Friday, February 23, 2007

Arrependimento


Porquê?
Porque uma palavra tão banal à escrita poder carregar tanto significado? Valerá a pena uma intempérie de sensações por tal substantivo? Dúvidas que me perseguem, receios que o meu próprio medo tende desvendar....
Arrependimento, arrepender, duvidar do que sinto.... é demasiado pesado este fardo a que me sujeito mas do qual não prescindo.
Ter medo, ter receio há muito que fazem parte do vocabulário do meu subsistir, é tempo de arriscar... É tempo de dedicar os momentos que me são concedidos a avaliar o sustento desta palavra, do globo de significados que um simples dizer pode abalar o meu permanecer...
Arrepender será um vocábulo que pretendo eliminar do dicionário do meu acreditar, do meu sentir e do meu sonhar. Luto por isso, com todas as forças que o meu singelo crer me permite mas ao qual ainda não consigo dedicar devota convicção...
Arrepender ainda é fiel companheiro, qual reflexo de espelho, através do qual me contemplo todos os dias, arrepender ainda é siamês da minha consciência, ainda é ego da força que brinca contra a minha vontade...
Arrepender é perceber que não dei voz ao grito que quer explodir, à abominável presença de espírito que me aconchega, à gélida sensação que me consome o privilégio do sentir...
Chega! Não falarei mais por ti, não ouvirei mais os teus lamentos, fracos de sustento, vazios de acreditar. Não quero mais ser hipnotizado por significados de fraqueza, de tristeza, de inferioridade...
Arrependimento, fiel amigo de longa data, é tempo de te sepultar, de te deixar uma rosa negra como símbolo do meu sentir, dos tempos em que recebeste o refúgio da minha fraqueza.
Uma lágrima deposito na tua sepultura, um sorriso dedico à liberdade que me invade, à força que me envolve, a este adeus marcado pelo fogo do meu querer...

Thursday, February 22, 2007

Christina Aguilera - Hurt

Silêncio


É no silêncio da noite que procuro encontrar a razão... que procuro os porquês, que procuro nos recantos vazios do castelo em que habita o meu ser.
Razões, porquês, respostas, dúvidas, receios... são tantas as pedras em que tropeço na minha procura, são tantos os becos sem saída com que me deparo neste meu labirinto.
É no calor do escuro, no sussurro do tempo que procuro reflectir, encontrar essa razão que tanto procuro e não encontro.
Melancolia? sim pode ser... Saudade? também... Medo? a todo o instante... Angústia? de não ter tempo para viver, para aproveitar todos os momentos... Insegurança? faz parte de mim... Ausência? ....
Razão estranha essa que me faz despertar de sonhos perturbados, condição a que me entrego por tão vivo me fazer sentir.
É no silêncio da noite que escuto a voz dos meus pensamentos, que me permito desmoronar, qual torre milenar... É no caos da queda que encontro as peças para me reconstruir, mais sólido. É no turbilhão da confusão que proponho um acordar, um novo despertar, um outro dia se aproxima, uma nova esperança, uma nova possibilidade...
É no silêncio da noite que me conheço, que apago e redesenho o esboço da minha figura, do meu eu.
É neste silêncio que me encontro, é neste jogo sem adversário que resisto, é neste dilema eterno o qual me nego a abandonar.
É no silêncio da noite que aprendo a crescer...

Evanescence - Call Me When You're Sober

Wednesday, February 21, 2007

A ti


A ti que neste momento dormes, que descansas o peso de todos estes anos, que sofres com a tua dor e com o sofrimento dos outros.
A ti que sempre me acompanhaste, que sempre estiveste presente, que me deste a mão, o carinho, a sabedoria da simplicidade...
A ti que agora embarcas para um destino incerto, para um existir sombrio, para uma ponte sem protecções. Estreita ponte na qual podes prosseguir ou cair a qualquer instante, qual pena lançada ao vento.
Acredita que estarás sempre presente, que a tua marca estará em todas as páginas do livro da minha história. Recordarei para sempre a tua presença....
Não se trata de um adeus, não se trata de uma despedida apenas de mais uma página virada... Uma folha em branco onde a qualquer instante pode cair uma gota de tinta que se transformará num borrão... Mas até lá, inevitável momento, ocuparei o meu tempo com confiança desejando que ainda possas continuar o teu caminho ao longo da estreita ponte...
Para ti, com um beijo meu

Máscaras


É tempo de pôr a máscara, de sermos quem não somos, de sermos o que não somos...
É tempo de revelar outras facetas, outras caras, outras atitudes.
É tempo de brincar, de festejar, de mostrar aos outros uma outra versão.
Será mesmo assim?
Será mesmo o tempo de tudo isto?
Ou será então este o tempo, o momento, o instante de mostrarmos realmente quem somos, o que sentimos. A altura ideal para podermos gritar que em nós existe algo, uma sombra apagada pelo peso dos dias, um existir excomungado pela resignação.
Porquê não dar voz a essas profundezas de viva, porquê continuar a negar que podemos evoluir, que podemos crescer, que podemos mudar de direcção. Porquê acomodarmo-nos com o igual, com o sem novidades, sem diferenças.
Todos temos um caminho contudo podemos escolher qual a esquina em que queremos virar, onde queremos fazer paragens ou por onde queremos passar a correr.
Eu sei que me mascaro todos os dias, sei que uso máscaras diferentes consoante os momentos. No entanto essas máscaras não apagam o meu eu, não escondem a minha essência, apenas me mostram através de diferentes olhares...

Sunday, February 18, 2007

Olhares


Estou viciado nas drogas da existência... Sinto-me dependente, consumido por um deambular de sensações que insistem em complementar o meu eu.
Sinto-me enclausurado na esfera que me sustenta, na armadura que construí para viver e sobreviver. O porquê desta necessidade nem eu o compreendo, são as causas da partilha, da existência dos que cruzam o meu caminho, da constante presença de outros olhares, outros conflitos, outros como eu.
Tento libertar-me, depurar-me do ópio que me consome, da força que me esmaga e me empurra na direcção do abismo. Por vezes as minhas forças esgotam-se e deixo-me ir, arrastado pela inconformidade dos dias, das horas e dos segundos.
Sou fraco, tenho consciência... Mas tento, a todo o instante, lutar, cortar as amarras que prendem o meu existir, a minha presença e o meu ser.
Nesta luta constante é fulcral o saber que nesses olhares também encontro brilho, encontro apoio, encontro coragem. Nesses olhares que cruzam o meu caminho e que se dispõem a acompanhá-lo. Esses olhares, esses reflexos de confiança fortalecem-me, confortam-me e ensinam-me. A esses olhares agradeço, todos os dias, porque num amanhã poderão deixar de lá estar. Esses olhares também têm um caminho que num certo cruzamento da vida poderão vislumbrar horizontes diferentes.
Apesar dos trilhos de cada um, sei que a cada um desses olhares agradecerei com um sorriso, com uma lágrima ou com um adeus.
Nesses olhares encontro sustento para o meu caminho, nesses espelhos de ser, encontro a força que preciso para continuar a lutar, para continuar a acreditar no amanhã...

Tormentos


Porque não mandamos nos intentos, porque não comandamos sentimentos, porque não controlamos momentos, porque não somos donos de nada a não ser do pouco da essência que nos consome...
Porque não podemos ter o que queremos, porque não alcançamos o elixir do nosso caminho, qual pedra filosofal de memória, dos tempos e dos bons momentos que passámos juntos.
Porque pensar que contigo seria tudo de tal maneira sublime, natural partilha e sintonia, que contigo, não tenho dúvida, encontraria a plenitude do viver...
O pensar no existir tão perto e tão longe de ti, o acordar do sonho da tua presença, o consciencializar de que tudo foi um sonho, uma miragem, um desejo...
O acreditar que, mesmo por breves instantes, partilhámos um olhar, um pensar, um sentir.
O saber que não te posso ter, não te posso encontrar nem sequer sentir a tua presença.
A dor fria, qual mármore gelado, pedra do túmulo em que sepulto os meus tormentos.

Saturday, February 17, 2007

Tempo


Quanto tempo me resta, quanto tempo ainda tenho, quanto tempo desperdicei, quanto tempo aproveitei...
Não pensar no tempo é não pensar na importância da minha passagem, pensar no tempo é partilhar o tormento da incógnita, do não saber.
Que fazer então se ele não pára, se não há pausas nem foras de tempo.
Quantos momentos, quantos contratempos marcam o meu tempo.
Tento compreendê-lo, acompanhá-lo, dar-lhe as mãos e seguir o seu rumo mas por vezes parece que o meu tempo me foge, que me abandona e não espera por mim. Sinto-me cansado, esgotado preciso parar para descansar, para pensar. Mas ele, o meu tempo não abranda para me apoiar. Sei que não posso deixá-lo fugir, que tenho que o agarrar e deixar-me levar... Mas quantas vezes o saber não é sinónimo do fazer, quantas vezes penso que seria melhor acabar o meu tempo, que seria tão mais fácil...
No entanto cada acordar, com o beijo do tempo, faz-me pensar o quanto é bom ainda ter tempo, incerto, mas ter.

Momentos


Infindáveis acompanhantes, perseguidores, sombras... Cravos de ferro numa memória sempre presente. Esses que partilham a minha vida, o meu sono e os meus sonhos. Esses que tanto me alegram e emocionam, esses que me carregam o espírito de desconforto e desalento. Momentos, linhas do livro da vida, do meu livro, da minha história. Cada palavra, cada suspiro, cada segundo. Consomem o meu ser, o meu ar, a minha essência. Pensamentos... Sentimentos... Sofrimentos... Contentamentos... Lamentos... são tantos, esses a quem chamo momentos.

Encruzilhada

Decidir é sempre complicado, mudar e difícil, continuar necessário. Quando chegamos a uma encruzilhada é preciso fazê-lo, escolher para onde prosseguir e como... São várias as opções todas elas com futuros e presentes diferentes, unidas por um passado comum. O melhor é sentar no centro das divergências e pensar, reflectir. Aprendemos com os erros, é preciso arriscar mas há o receio... que fazer. Pensamentos que voam, sentimentos que escorrem como água qual rio de águas transparentes... Contudo uma enorme força me impulsiona, uma voz me sussurra para prosseguir, para não ter medo. Essa voz é inebriante, envolvente, apaixonante... quase me convence mas o caminho parece estreito e escuro, ainda não encontrei certezas. Mas sinto que preciso ir, descobrir, crescer, aprender, perder, arriscar, sofrer, sorrir... sei que preciso partir. Vou com confiança, levanto-me do centro da encruzilhada e escolho um rumo, fecho os olhos e sigo a minha viagem...