Friday, April 17, 2009

Escadaria


Não sei onde me encontro, não sei para onde vou... estranhamente prossigo, passo a passo, subo uma escadaria de negro forrada, de nébula adornada, em silêncio esculpida, de movimento sugada...
Subo... movo-me sem intenção, não sou eu, é apenas o meu corpo que caminha, que procura uma luz, um destino, um lugar. Neste passeio sem rumo a minha mente mergulha na imensidão do sonho, qual ego invisível, qual silhueta de um corpo esquecido para trás, nessa ingreme subida de procura, sem nada encontrar, de olhos fechados a uma tristeza que teima em oferecer-se como corrimão, guia de viagem, apoio ao cansaço que começa a apoderar-se do meu corpo...
Paro... descanso... percorro com o olhar este espaço que me abraça e nada encontro, estou perdido, não sei onde estou...
Grito.... ouço uma resposta? Ingenuidade esta que surge por não lembrar um eco que não me perdoa, que me relembra, mais uma vez, que não há nínguem...
Sento-me num degrau humedecido por lágrimas de tempo passado, pisado pelo peso das escolhas, gasto pela fugacidade das opções... Nele descanso, tento recuperar a consciência, sintonizar corpo e mente... Nesta viagem caminho sozinho, obrigatoriedade de uma condição demoradamente entrançada pelas minhas próprias mãos, artesão do destino, obra prima do infortúnio...
Levanto-me, olho em frente e prossigo...
Nessa escadaria chegarei a algum lugar, se tropeçar, de novo e voltar atrás mais uns degraus hei-de encontrar forças para de novo me erguer. Não vou desistir, recuso a derrota, renego a perda, desminto essa sensação da pouca sorte.
Continuo... espero conseguir convencer-me que essas palavras estavam erradas...