Thursday, January 24, 2008

Sinceridade


Palavra morta de significado, assassinada por mãos inconscientes quais tentáculos expressivos da distorção do raciocínio humano...
Tento compreender de onde provêm a inspiração da mentira, procuro descobrir a infundada razão para justificar a ausência do carácter mas nada encontro...
Serei um ser iludido, envolto pela névoa do querer acreditar que a expressão do pensar poderá corresponder ao significado do pensamento?
Serei apenas demente personagem, ingénua janela do acreditar na procura de um pouco de tranquilidade, de resposta, de conteúdo...
Estarei para sempre de luto por este crime, chorando no seu adeus, culpado por ser também assassino...
Seres humanos que se desprendem da humanidade, seres pensantes que crucificam o pensar, seres que sentem... mas esquecem que os outros também o fazem...
Sinceridade...
Tenho consciência que por condicionalismos da sociedade quase que somos obrigados a apunhalá-la por vezes, forçados a um distorcer do que é real, incitados a preclitantes deturpações da veracidade da existência, do fundamento do acontecimento... Contudo entristece-me a facilidade do contágio deste recurso, intuito de causa esperada, quando se pretende usar a máscara da falsidade...
Não sou melhor que ninguém, não pretendo criticar nem julgar, apenas continuarei a sonhar que, um dia, encontrarei na descendência desse precioso conteúdo, uma retribuição, um reconhecer da pureza do discurso, na despretensão do agradar, na simplicidade do dar a conhecer a face oculta por detrás da máscara, um agir desvinculado de um propósito, um não espezinhar o que se encontra no nosso caminho... Até o mais minúsculo dos seres tem direito à sua expressão...
Sinceridade... sepultada por muitos mas lembrada por outros... se no remorso poderás cravar a tua expressão, na lembrança ganharás coragem para não te dissipares na bruma do tempo...




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