Sunday, January 6, 2008

Chove...


Por gotas de um choro de alma perdida, chuva por nome conhecida, escorrem passagens de tempo, escoam lágrimas do acontecer, inevitável aplaudir ao significado do instante, esboço de um sorrir de saudade...
Saudade... invade-me a todo o instante, é lágrima dessa minha chuva que molha, envolve, aquece... É choro da memória, é grito enlouquecido pela magnitude de um não esquecer, é suspiro de âmago que deambula pelos caminhos do recordar...
Sim, sinto saudade... palavra sofrida pela consciência premeditada de passado, do aconteceu, do acabou...
Chove em mim...
Por este retrato do meu eu, pinceladas de uma tinta sem cor, criam a imagem que não se vê em espelhos, que não é focada em fotografia de segundo, que não é visionada por olhos desconhecidos, que não é captada em filme inanimado...
Retrato de mim... vislumbrado na pureza dessa chuva que me inunda, visto por olhos de quem me quer ver, compreender, sentir,,,
Contemplo o meu céu, sinto na cara o suspiro desta chuva, o sussurro do seu segredo, a confissão dos seus tormentos, o tumulto dessas lágrimas que se afirmam sentimentos...
Chove...
Não procuro abrigo, não fujo desta chuva, não receio o fraquejar deste gelado beijo...
Olharei para sempre erguido este meu céu de onde escorrem tais lágrimas do agradecer, choro do sorrir, tristeza do poder nelas encontrar a felicidade...
Nesta chuva fundirei as minhas lágrimas, neste choro sem voz gritarei que não quero ser visto, quero ser sentido, compreendido tal como um poeta da lua sente onde encontrará sempre o seu brilho...
Chove... lágrimas de mim...

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