Tuesday, January 22, 2008

(Des)Acreditar

Não acredito em alma gémea, elemento transportado de narrativas intemporais para o quotidiano social, pela necessidade desse acreditar que tal metade poderá complementar um eu fragmentado, que poderá incorporar um corpo obsoleto de esperança...
Acredito na cumplicidade, na sintonia de um olhar, do palpitar da essência causado por uma palavra sincera, na implosão interior provocada por um sorrir de alma...
Não acredito no amor eterno, imortalização idealizada do momento, mumificação de um querer sentir para sempre, procura da fortaleza eterna da fraqueza do sofrer, do querer purificar a mente da possibilidade de um desaparecer...
Acredito na falsidade intencional da atitude, de conclusão indefinida, de mágoa pressentida, mas como que amada pela possibilidade de um desfecho, qualquer que seja...
Não acredito em ilusões, iludo-me com o tanto querer que pudesse acontecer, mais uma vez, rever um brilhar nesse espelho de mim...
Acredito que sou apenas eu, explosão de conflito, expiação de um tormento incompreendido, concebido na intrincada trama da confusão, perturbado por não saber quem sou...
Não acredito que o amanhã trará a sublime intensidade do inesperado, a agradável surpresa da miragem de um ser feliz, a conquista da realização...
Acredito que na tristeza do olhar nego o sorriso, que num destroçado pensar contradigo a palavra proferida, renego o significado que tanto quero demonstrar...
Desacreditar...
Causa ou consequência da escolha?
Descanso ou fuga à solidão?
Medo ou fraqueza diluídos no turbilhão do conflito?
Acreditar ou não acreditar que, afinal, no amanhã o imprevisto poderá ser personagem da minha tão estilhaçada história?
Desacreditar... mérito conquistado pela atitude.

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