Sunday, January 20, 2008

Fado de mim


Por ruelas de noite vestidas, escuto passos de um corpo deambulante, perdido em convicções já não conhecidas, errante por contradições lançadas ao tempo, quais bolas de sabão sopradas pela inocência de uma criança...
Nessas ruas caminho, absorto por idealismos irreais, hipnotizado pelos poderes do querer, fascinado pela crença do encontrar. Serei racional? Viverei num mundo paralelo em que o sonho pode comandar o amanhã?
Em todos os recantos escuros, becos escondidos nas profundezas do ser, caminho, procurando respostas...
Serei apenas um sonhador?
Pela calçada dessas ruas do tempo, vagueio solitário, em consonância com as vozes que sussurram promessas de um encontro, em instante incerto, com o olhar da certeza...
Em sintonia com o brilho da noite escuto sons de origem não compreendida, choro de uma guitarra tocada por mãos de sentimento...
Sinto-me embalado, extasiado pela incontrolável invasão interior que esta musicalidade tem em mim...
Elevam-se sentidos desconhecidos, apuram-se sensações esquecidas, renascem cinzas de um fogo apagado, escórias da fragilidade imposta como defesa à adversidade, à confrontação...
Nessas cordas dedilhadas por alguém incerto, notas entrelaçam-se numa melodia, tons conjugam-se em sublime harmonia... surge pela voz da alma os primeiros sons deste meu fado, canção do meu destino, voz que me canta, canto da minha voz...
Por ruelas pela noite abraçadas, os meus passos ecoam na ausência da concretização, mas confiantes por acompanhados pelo meu fado, pela melodia de mim, pelo canto do meu ser...

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