Sunday, January 17, 2010

Surrealismo Sentido


Vasculho nos despojos da minha matéria retratos da composição austéra que me projecta ao mundo... Procuro, em desespero, encontrar entre restos de ideais, crenças inacreditadas de um surrealismo sentido, agora, tão intensamente...
Sou elemento desmembrado, figura mutilada pelo espaço, visionário inseguro de uma possibilidade de reencontro...
Sou personificação do receio, sou estupidamente um eco de nadas no ocaso, sou fugacidade férrea de confiança, sou tentativa...
Compreendo, lentamente, que fui presença dispersa nos dias do juizo antecedente.
Grito...
Por palavras arranhadas a sangue, desta garganta dorida de tanto querer expelir discursos que não se desintegram do papel esquecido em que são escritos...
Ouço um tilintar que me persegue... são elos ferrugentos da corrente que cruelmente me mantém prisioneiro cerebral...
Quebram-se... em câmara lenta...
Sinto-me mais leve... a cada dia, a cada hora...
Grito...
Inaudível apelo de um som de desespero, emerge das cinzas uma Súplica sentida, uma vontade desejada, uma fusão de corpos que já não sabem ser ímpares...
É neste cenário que imortalizei esta imagem, este retrato que aqui deixo de Um Surrealismo Sentido...

1 comment:

Blackteam said...

Nem tenho palavras, escreves optimamente, percebe- se que gostas do que aqui fazes, e que sabes o que fazes, acho que este blog será muito conhecido, não por muitas pessoas, mas pelos poucos com a abertura para a ele se entregarem, boa sorte, e bom ano de 2010.