Tuesday, January 12, 2010

Letal


Hoje...
Peguei num punhal forjado nas trevas da consciência, fortaleci a convicção da vontade...
Fechei os olhos... lentamente, pesadamente...
Bebi pelo draculiano cálice da incapacidade mental... Pela minha face escorre a ganância de divagar nos sentidos, esquecer a inércia do pensar, imortalizar a súplica do poder acontecer...
Descomprimi o corpo... ferro e pedra fundidos em estátua de gente...
Adormeci a fome do receio, na mortalha da angústia depositei a saudade do tempo, de terra e gelo enterrei a graciosidade da lembraça... Nesse pálido adeus doei um beijo de alma, em sangue selei essa história, na lápide gravei intemporalmente um sorriso...
Sepultura do nada, para sempre anjo de pedra, este eu que sobrevive...
Respirei... senti o rasgar do corpo pela lâmina fria, sinto o impacto da vida, jorrando impulsivamente de mim...
Deito-me lentamente sobre o medo do adormecer, o indesejado augúrio do acordar. Jaz a meu lado o punhal que esventrou a essência, que reacendeu a fria chama da tranquiilidade...
Sinto o meu corpo a ser consumido, decomposto por metamorfoses errantes, atraídas pelo suor do renascer...
Ergo-me fortalecido... Revejo-me num espelho quebrado pela gravidade...
Reencontro-me...
Reconheço os sinais que me absorvem, estendo a mão a essa garra que me cravou o peito, iluminou o coração, arrancou uma lágrima de conssentimento, me entregou uma rosa negra de aliança...
Pactuo com esse espírito para um novo trilho de possibilidade, caminho sombriamente feliz, veneno letal que anseio saborear...


2 comments:

Unknown said...

Nossa adorei as palavras...

Anonymous said...

Poderia ter sido tudo tao diferente s assim o tivesses desejado...se feliz...