Thursday, March 6, 2008

Dama Negra


Esvoaçando pela brisa da noite, a dama negra hipnotiza olhares perdidos, inebria com o seu perfume mentes atormentadas pelo receio, pelo medo do desconhecido, pela imensidão desse negro abismo que se abriu no meu chão...
Viúva do acreditar, borboleta do incerto, efémera dama da estabilidade... tudo contemplas, absorves, sentes, sofres, sem nada poder fazer, dama do tempo, beleza sem tempo...
No meu ombro pousou a dama da noite, a meu lado partilha o acontecer, voa para longe mas volta, sempre... eu sei!
Pela janela absorvo o poder da noite, a minha dama sobrevoa mágoas e momentos, escuta lamúrios e lamentos, aquece corações esquecidos com o calor da sua beleza, com a força da sua presença...
Voo a seu lado na irrealidade de um pensamento, na incerteza do sentimento, no presságio da transformação...
A Dama da noite partirá, um dia, para não voltar. Senhora da penumbra estará para sempre cravada no meu olhar, ausente em matéria, presente em essência.
Reflexo de mim, em vidro esbatido na janela em que me contemplo, no portal do segredo, do medo, do receio, da dúvida, do não saber em que acreditar...
Já não sei o que pensar, o que esperar, o que recear... dama da noite, surge mais uma vez, contrastando com o reluzente brilho de uma estrela, apenas para me lembrar que a isto se chama viver, é o equilíbrio dos dias, bom e mau, bem e mal, preto e branco... opostos necessários à dinâmica das horas, contratempos aceitáveis que por vezes não o parecem ser...
Obrigado negra senhora, por me lembrares, por não me deixares esquecer que o sorriso é a melhor forma de diminuir a intensidade das adversidades...
Dama da noite, negra viúva do acontecer, senhora do breu, borboleta dos meus sonhos...

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