Friday, December 14, 2007

Simplesmente Eu


Invadido pelo cansaço do pensar, entorpecido por estranhas incertezas, prisioneiro de um corpo dorido pela força da escolha, magoado pela brutalidade da decisão... paro, preciso de descansar...
Sento-me na pedra da reflexão e contemplo o horizonte das sensações.
No reluzente espectáculo de um pôr do sol perco-me, entrego-me à fraqueza do sonho, à fugacidade de um querer que já não reconheço, à contemplação de um percurso apagado pela chuva da contradição.
No vento que me gela o rosto, petrificam sensações que tanto me aqueceram outrora, que me iluminaram qual estrela guia do meu caminho.
Estrela sem rumo.
É neste luar das minhas noites que a vislumbro, que me acompanha, me ensina, me lembra que a perfeição é pedra filosofal, mito de histórias urbanas em que é necessário acreditar, nesse alcançar não por mim, não por alguém...
Não sou perfeito, nem o pretendo, sou apenas um eu, um pouco perdido, um pouco sem rumo.
Na multidão de existências ainda me encontro, na multiplicidade de seres sociais ainda revejo o meu eu, forjado pelos momentos que me construíram, esculpido por mãos que me ampararam, desenhado por instantes que me foram delineando...
Eu sou um alguém, perdido no tempo, achado nas minhas horas.
Por isso sorrio, nem a chuva que agora me escorre no espírito me perturba.
Sinto-me fortalecido, revigorado pelo saber que o meu eu será sempre meu. Que o meu conteúdo permanecerá imutável, será companhia da minha solidão, será reconforto na tristeza, será aplauso no triunfo...
Este sou eu, neste corpo encerro a colecção de artes intemporais, valiosos temperamentos de mim.
Desta pedra me levanto e sigo o meu caminho.
Não receio o incerto, não renego o que me espera. Sei que não serei ingrato com este eu que não me abandona. Serás para sempre irmão, anjo e amigo, serás essa estrela para sempre no meu luar.
Sou como sou, não sei ser de outra maneira. Incertezas, impulsos, dúvidas, receios encontrarei sempre nesta viagem...
Espontaneidade, sinceridade, amizade e fidelidade serão sempre este eu, pronto para um combate sem vitórias, sem derrotas apenas artesão do ser, da alma e do espírito.
Como já o disse sou apenas "Alguém que está de passagem, a todo o momento, em cada lugar... Alguém que procura o lado bom de todas as coisas, que procura, a todo o instante, outros caminhos, outras possibilidades...Alguém como qualquer um."

2 comments:

Poeta Đa Lua said...

triste...
perdido...
e sem rumo...

acaso, está perdido em em si mesmo?

deixo-te um abraço e um sorriso

Poeta Đa Lua said...

parece que tem asas...
até...