Monday, August 24, 2009

Quem Serão?


São garras traiçoeiras, são divinas encapuçadas que vagueiam como sombras invisíveis, presságios velados de perseguição, de fuga, de medo...
Quem serão? Damas da bruma, espectros sem rosto que não se deixam vislumbrar, fugazes devaneios sem corpo, sem conteúdo, sem nome...
Serão senhoras do breu, presenças descrentes de uma fé não conhecida, corações enegrecidos por uma peste inerte ao tempo, à devoção, à súplica...
Serão princesas de contos inacabados, sem um final feliz, sem um final sequer... Realeza apodrecida por sólidas convicções do não compreender, do permanecer inconsciente ao espaço que me abraça, me aconchega e me consome.
Quem serão? Órfãs esquecidas por um mundo imperfeito, filhas das horas, incessantemente negadas e renegadas por vozes roucas, gritos rasgados, sonhos estilhaçados...
Quem serão?
Nesta dúvida permaneco, entrego-me a um sono de pensamento.
Durmo...
Sonho...
E nesse inconsciente quase esquecido revejo esses olhares frios que me fixam e se me revelam... Sou obrigado a fitá-las, a reconhecê-las, a sentir o vermelho gelo que me corre nas veias, sem compreender se ainda vivo ou ja há muito me tornei um reflexo de mim...
Acordo...
De nada me lembro...

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